ais de 150 mil pessoas morrem todos os anos no Brasil em decorrência de alguma doença respiratória, principalmente pneumonia. É a quarta principal causa de mortes no país. Asma, rinite, bronquite e outras doenças respiratórias: algumas crônicas, outras adquiridas – todas elas causam bastante incômodo para seus portadores e os obrigam a levar uma vida regrada, repleta de higiene.
Tratar todas estas doenças custa – em dinheiro público e saúde privada – cerca de 3,7 bilhões de reais por ano, segundo dados levantados pelo professor Carlos Eduardo Frickmann Young, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os enfermos com doenças respiratórias que acabam não trabalhando deixam de produzir 500 milhões de reais por ano em renda só na região da Grande São Paulo.
Segundo a OMS e o Ministério da Saúde, a ocorrência e a piora no quadro de pacientes com problemas respiratórios podem estar diretamente relacionadas à falta de higiene do indivíduo em relação aos lugares em que habita ou trabalha.
O órgão governamental brasileiro divulgou em 2013 uma cartilha sobre doenças respiratórias, com trechos que associavam a intensificação de doenças respiratórias à falta de higiene dos ambientes em que a pessoa convive. Fatores como o vício em cigarros e a alta poluição do ar também são responsáveis pelo agravamento ou pelo surgimento de problemas respiratórios em pacientes.
Diferentes ameaças à saúde
Entretanto, a súmula destaca que há diferenças nos danos causados às vias aéreas quando a fonte do problema é um ambiente não higienizado em relação à inspiração de gases poluentes.
Enquanto a fumaça do cigarro ou dos automóveis causa efeitos químicos sobre as células do pulmão e vias respiratórias, o dano causado por ambientes mal higienizados é de ordem física e biológica. Ou seja, partículas sólidas que interferem na respiração, ou ainda a presença de bactérias, fungos e outros microrganismos que podem infestar órgãos e causar doenças.
Um dos mais conhecidos e comuns destes pequenos inimigos da saúde humana são os ácaros. Minúsculos e invisíveis a olho nu, os ácaros infestam principalmente cortinas, carpetes, cobertores e travesseiros. Em ambientes sem higienização, estes pequenos organismos, da mesma classe biológica dos carrapatos, entram nas vias respiratórias humanas. Como resultado de suas picadas, ou mesmo da presença de ácaros domésticos nas vias aéreas, há um elevado risco de alergias ou do agravamento de asma e rinite.
O “inimigo” está onde menos se espera. Impurezas em tecidos do sofá, carpete, cortinas, almofadas, toalhas de mesa, estofados, entre outros locais, são esconderijos perfeitos para partículas de poeira e bactérias que causam um grande dano ao sistema respiratório.
Outro grande vilão para as vias respiratórias são os aparelhos de ar-condicionado. Pessoas com doenças crônicas como asma ou bronquite podem ter dificuldade em permanecer em ambientes climatizados, graças à baixa temperatura e umidade do ar. Entretanto, com os filtros sujos, o ar expelido pelo dispositivo pode até mesmo matar, segundo a médica infectologista do Hospital Universitário de Campo Grande (HUUFMS), Andyane Tetila.
“É a chamada síndrome do edifício doente. Neste tipo de ambiente, com grande concentração de pessoas e pouca ventilação, já há uma quantidade enorme de germes no ar. Com um ar-condicionado sujo, a situação fica muito pior”, afirma.
Além de fumaça, partículas sólidas e microrganismos, até mesmo produtos de limpeza podem fazer mal para as vias aéreas e agravar os sintomas de doenças respiratórias. O uso inadequado ou excessivo de certos compostos químicos de limpeza, baseados em Cloro e outras substâncias, pode irritar mucosas respiratórias e até mesmo os bronquíolos, especialmente em pessoas mais delicadas como crianças, idosos e portadores de deficiência. Animais de estimação também sofrem com os efeitos.
Fonte: www.terra.com.br