O paulistano fica, em média, um mês e meio por ano dentro do seu carro, de acordo com levantamento feito pelo Ibope a pedido da ONG Rede Nossa São Paulo no ano passado.
Nesse período, bactérias, fungos e ácaros acabam proliferando no ambiente, muitas vezes trazidos pelas mãos do motorista.
Uma pesquisa conduzida pela faculdade DeVry Metrocamp, de Campinas (a 93 km de São Paulo), verificou a presença de micro-organismos em 76 partes internas de veículos, como volante, câmbio, bancos e cadeirinhas de bebê. Em média, foram coletados de cem a mil bactérias e fungos por parte analisada.
Num caso específico, a alavanca de marchas apresentou 10 mil micro-organismos.
A maioria das bactérias é chamada de “oportunista”, ou seja, oferece riscos sérios a pessoas já debilitadas; em quem estiver saudável, pode gerar febre e diarreia.
“Às vezes temos um mal-estar e pensamos que é algo que comemos, mas o problema está nesse ambiente [carro infectado]”, diz a professora Rosana Siqueira, 46, que orientou o estudo.
O problema maior é com as crianças, que ainda não têm um sistema imunológico bem desenvolvido. “O quadro de disenteria pode levar rapidamente a uma desidratação e, dependendo do caso, a convulsões”, diz a professora.
Ali Said Yassine, 35, pediatra e diretor da Associação Brasileira de Medicina no Trânsito (Abramet), chama a atenção para problemas respiratórios e dermatológicos que os micro-organismos também podem causar.
“Ácaros, fungos e pelos de animais são os principais causadores de inflamação das mucosas respiratórias, como sinusite, bronquite e asma. A membrana dos ácaros, em contato com a nossa pele, pode causar dermatites atópicas”, afirma Yassine.
Uma solução para evitar crises alérgicas, segundo o pediatra, é proteger os bancos —quando não forem de couro, material mais fácil de limpar— com capas protetoras que devem ser lavadas três vezes por semana. “Em casa, é difícil ficar com o mesmo lençol vários dias. A ideia é fazer o mesmo com o carro”.
Além disso, o médico recomenda que animais devem ser transportados dentro de caixas específicas, sem contato com os bancos, e que os tapetes dos carros sejam higienizados a cada dez dias.
Para veículos que pernoitam em garagens fechadas, vale abrir um pouco as janelas, para que a troca de ar expulse micro-organismos.
Fonte: www1.folha.uol.com.br